23.7.07

SINOPSE - SYNOPSIS

Seminário Internacional – Faculdade de Arquitectura – 2007

Proposta de Workshop

Don’t follow the white rabbit!

O Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas é o herói dos tempos modernos. Nele todos nós nos reconhecemos: sempre atrasados, sempre stressados, sempre ansiosos…; sem que nunca o tempo dos nossos afazeres corresponda ao nosso querer.
Pessoa importante – Primeiro-ministro da Rainha de Copas – o Coelho Branco leva a atormentada vida de um escravo. O seu penar: o próprio esquecimento de Si, que o desarma à insidiosa penetração de “outros senhores”. O instrumento da sua tortura: o tempo.
A Rainha de Copas – a raínha dos corações – é uma tirana de múltiplas faces: obrigações profissionais, familiares, até obrigações sociais e de vida saudável… Tudo, sob o jugo da Raínha de Copas – aquela potência dominadora do nosso coração que, contudo, lhe é estrangeira –, se torna feio e mau. Sob o jugo da Raínha de Copas, o tempo, em vez de nos permitir ser, consome-nos: como o Cronos devorador e sanguinulento de Goya faz com os seus filhos (somos nós os filhos modernos e truncados desse Cronos).
Dir-se-á que essa incorrespondência, esse sentimento de violência do Mundo ao Eu, é recorrente no ser humano: “é uma constante da vida”; sempre o homem se sentiu superado pelo Destino, nunca no Mundo o homem encontrou paz perfeita. É verdade, mas, por causa disso, o homem aprendeu, desde longa data a defender-se dessas potestades alheias ao coração, a refugiar-se delas, a isolar-se do seu espectro de acção. Desde longa data o homem tentou – e conseguiu – construir recintos, clareiras abertas no Caos, onde havia espaço para si, onde o tempo parava: as moradas.
Na minha morada, na minha casa, na minha rua, na minha cidade – no meu ninho – o tempo é meu; não me consome; é possibilidade, veículo, para Eu ser Eu.
É a arquitectura que constrói esse para-mim do Mundo, no Mundo, em que o Eu pode ser Eu. A arquitectura é esse lugar, um lugar de acolhimento, de recolhimento, em que a Beleza acontece.
Então, é essencial perguntar: como se faz arquitectura, como se tece esse espaço-ninho do meu coração em que o tempo pára…?



Docentes:
Marieta Dá Mesquita
Dulce Loução
Pedro Marques de Abreu

International Seminar – Faculdade de Arquitectura – 2007

Workshop Proposal

Don’t follow the white rabbit!

The White Rabbit from Alice in Wonderland is the modern times hero. We recognise ourselves in it: always late, always stressed, always anxious…; without ever letting the time of our commitments match the one of our will.
The Queen of Hearts – the queen of all hearts – is a tyrant of multiple faces: professional and familiar obligations, but also social and spare-time ones… All under the burden of the Queen of Hearts – that overwhelming power of our heart that despite odds is foreigner to it – becomes ugly or mean. Time, under such burden, instead of allowing us to be, consumes us: as with Cronos’s offspring bloodshed devour, depicted by Goya (we are the modern and truncated sons of that Cronos!).
One can state that, such discrepancy, that feeling of violence from the World towards Me is recurrent in human existence: “it’s a constant in life”; men have always felt surpassed by Destiny, and never before, have they found in the World a perfect balanced peace. Because of that, men learned, from immemorial time to defend themselves against those foreign powers to heart, and to take seclusion from them, isolating themselves from their range of action. And ever since, men has tried – and succeeded – to build enclosures, open voids in Chaos, were there was space for him, and were time stood still: the dwellings.
On my dwelling, on my home, on my street, on my town – on my nest – time becomes mine; it does not consumes me; it is the possibility, the vehicle, for Me to be Me.
It’s architecture that constructs that for-me in the World, that same World were Me can be Me. Architecture is that place, one of shelter and seclusion in which Beauty takes place.
Therefore one must ask: how do you make architecture, and how do you embroil this nest-space of my heart in which time stops…?



Professors:
Marieta Dá Mesquita
Dulce Loução
Pedro Marques de Abreu

Sem comentários: